Profissionalização garante sucessão familiar eficiente na empresa rural

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Pai rico, filho nobre, neto pobre. Não foi por acaso que a máxima se tornou expressão popular no meio rural brasileiro. Com pensamento tacanho e perigosamente distorcido, grande parte de uma geração ameaçou fortemente seu patrimônio familiar por uma simples e fatídica distorção durante o processo de sucessão frente ao negócio deixado pelos pais: em vez de se preocuparem em tocar o negócio, encararam o patrimônio somente como uma herança.

E o assunto é sério, visto que, de acordo com o último Censo Agropecuário realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos 5,2 milhões de estabelecimento rurais existentes no Brasil, 1,5 milhão, ou seja, quase um terço, foi obtido por herança. E preocupada com a importância que essa significativa fatia de sucessão representa na atividade agropecuária, a 14ª edição da Tecnoshow Comigo ofereceu aos visitantes uma grande discussão com a palestra “Sucessão familiar na empresa rural”.

Consultor da empresa Safras & Cifras, especializada em assessoria e consultoria na área, José Ney Vinhas explicou aos produtores a importância de se preparar a sucessão de maneira profissional e organizada. A ideia é que o negócio prospere e a riqueza da família continue crescendo, e não venha a morrer, como ocorre em praticamente todos os casos em que os membros não se preocupam com o processo.

“É preciso estruturar uma organização de regras para a formação dos sucessores em termos de gestão”, defende o especialista, ao explicar da necessidade de se trabalhar a relação família x negócio x patrimônio e estabelecer normas de governança. “O segredo é ter transparência e comunicação, como qualquer empresa”, esclarece.

 

Desafios

O consultor alerta para as várias questões humanas e de valores familiares que entram em jogo no processo, mas é enfático ao defender que, mesmo sendo esses os pontos mais difíceis, eles devem ser discutidos e superados para que o bom desenvolvimento. Ele pontua é que a solução passa, necessariamente, por uma nova Organização do Negócio Familiar e uma Estruturação Planejada da Sucessão, em que os pais não perderão os seus direitos de proprietários e gestores, mas seus filhos passarão a fazer parte dessa nova Sociedade Empresarial Familiar, com todos agindo de acordo com o estabelecimento de novas regras de convivência.

 

Holding Familiar

José Ney Vinhas aponta a constituição de Holding Familiar como solução de continuidade para a administração do negócio da família, com redução na carga tributária e, principalmente, para facilitar o processo de inventário. Assim, além de servir para o planejamento da sucessão, evita desavenças e conflitos familiares que podem enfraquecer as empresas.

Na holding familiar, herdeiros e pais são colocados na mesma condição de sócios. Como a Holding pura não tem atividade operacional, a administração pode ser atribuída a todos os sócios ou alguém em especial, podendo-se prever um pro labore figurativo que pode ser pago aos sócios conforme a participação de cada um no capital social.

Outra vantagem da holding, lembra o consultor, é a possibilidade de os familiares se afastarem da condução, repassando a direção e a execução dos negócios a uma administração profissional, sem que a família perca o controle das sociedades operacionais. Para isso, o especialista alerta para a necessidade de que se faça isso o quanto antes, para que haja tempo de discussão e estruturação com todos os membros familiares.

 

Fatores mais comuns que prejudicam a sucessão familiar:

– Pais não têm segurança de que os filhos tenham condições de conduzirem os negócios da empresa como eles o fizeram;

– Pais não conseguem dialogar com os filhos, já que não aceitam novas ideias;

– Filhos acham que os pais são retrógrados, pois não aceitam suas ideias;

– Pais acham os filhos muito teóricos e têm medo de ir passando parte da gestão para os mesmos;

– Filhos que querem trabalhar pouco e ganhar muito, pensando muitas vezes, que foi fácil chegar ao sucesso que a empresa tem hoje;

– Disputa de poder entre os filhos e falta de definições de funções, junto a empresa, o que torna um grande foco de atritos entre os mesmos;

– Intromissão dos cônjuges nos negócios da empresa, o que muitas vezes faz aumentar o atrito entre os irmãos e os pais;

– Objetivos pessoais diferentes dos objetivos da empresa;

Autoria: Warlem Sabino

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